Essa noite, como em muitas outras , coloquei meu filho na cama para dormir. Deitei ao lado dele e fiquei olhando aquele corpinho, suas pernas compridas, suas mãozinhas que abraçavam o travesseiro. As vezes ele abria os olhinhos e me olhava só para ter certeza que eu estava alí. Amor de mãe é isso, é porto seguro , é o estar alí aconteça o que acontecer.
Olhando para ele alí, do alto dos seus 6 aninhos fiquei pensando em crianças orfãs. Não sei porque em muitas viagens que eu faço a trabalho, muitas vezes tive algum contato com algum abrigo de crianças ou casa de crianças abandonadas. Cheguei até a entrar em alguns deles. Estima-se que atualmente no Brasil existam cerca de 8 milhões de crianças abandonadas, sendo que 2 milhões vivem nas ruas exponde-se a perigos como drogas e prostituição.
As histórias que escutei nos abrigos são as mais tenebrosas, brutais mesmo...Lembro de ter visto um garoto, menor que meu filho, que chorava compulsivamente num quarto escuro e sozinho . Fiquei com o choro dele latejando na minha cabeça e pensando quanto medo essa criança passou alí, sem amparo...Meu Deus! Saí de lá, rezei por ele como estou fazendo neste momento que estou pensando nele e por todas as crianças que se encontram na mesma situação.
Fico com pena das mães que por algum motivo não puderam ou não conseguiram criar seus filhos com dignidade. Quem poderá julgá-las? Só Deus mesmo...Abandonar um ser tão indefeso, tão carente de amor e de cuidados.
Neste momento de reflexão, minha outra filha entra no quarto e me mostra as letrinhas que ela aprendeu na escola.
Olhei para meu outro filho já em sono profundo e agradeci a Deus pela missão que Ele me confiou em ser mãe. Acredito que é o maior presente que Deus poderia ter dado a nós mulheres: a graça de gerar filhos.
Atualmente estou lendo um livro chamado " O Silencio de Maria" , tirei um trecho que cabe perfeitamente às mães e a missão da maternidade.
"A mãe é tudo de uma vez: sagrada e terrena, pedra e estrela, aurora e ocaso, enigma e sangue, sino e silencio, combate e ternura...
...A mãe não tem identidade pessoal, é simplesmente a Senhora da Silva, mãe de Joaozinho. É essencialmente entrega. Pertence a alguém. Não possui, é propriedade.
...Sofre e cala, chora escondido. De noite, ela vela, de dia trabalha. Ela é candelabro, os filhos são a luz. Dá a vida como a terra:silenciosamente. Aí está a raiz da grandeza e beleza"
-Boa noite mamãe!
-Boa noite filha...
-Eu te amo filha!
-Também te amo mamãe...
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